sábado, 18 de fevereiro de 2012





FACES


E naqueles novos tempos, 
de tão incríveis maravilhas tecnológicas,
havia assim um lugar mágico.
Era um mundo virtualmente real 
onde ordenados conviviam
gentes as mais variadas,
diferentes, e até opostas:
ateus, afroreligiosos, evangélicos,
agnósticos, católicos, espíritas,
budistas, judeus, muçulmanos, 
hare krishnas, ecumênicos,
filósofos, pensadores, antropólogos;
também políticos das mais variadas estirpes:
de direita, de centro, de esquerda,
de centro esquerda, de centro direita,
de direita extrema,
de extrema esquerda,
de centro bem ao centro,
ruralistas, anarquistas , suprapartidários,
ecológicos, indiferentes e irônicos.
E conviviam ali brasileiros e estrangeiros;
estudantes e trabalhadores;
profissionais liberais e empresários;
civis, militares e aposentados.   
De leigos a doutores ali conviviam;
e gentes com as mentes ainda em formação.
E ali também conviviam em interligação
poetas, músicos, escritores, pintores,
cantores, atores, artistas em geral e atletas.
E havia uns sérios, uns gaiatos;
uns maliciosos sexuais; uns deboxados;
uns fanáticos, uns exibicionistas;
uns coerentes, uns contraditórios;
uns normais, uns bipolares,
e assim de outras patologias mais...
Mas entretanto todos procuravam se portar
no mais relativo equilíbrio.
E conviviam ali de ricos a pobres;
homoafetivos e não homoafetivos...
Então ali conviviam essas gentes várias
e de variadas opiniões e pontos de vistas.
E neste mundo singular se sentiam à vontade
para emitir suas opiniões e pontos de vista.
Não tanto intencionados em convencer
em  fazer o outro mudar de opinião, de ponto de vista 
os outros que se faziam então interlocutores
- pois cada qual se mostrava bem fundamentado
em sua própria crença, religião ou ideologia -
mas pelo querer de argumentar, a demonstrar 
seu bom suporte de embasamento.
E o que era posto podia ser curtido;
ser compartilhado ; ser comentado
assentidamente ou discordantemente...
E assim é que se davam uns aos outros a conhecer
as suas verdadeiras faces.






O BRINQUEDO DE LÚCIO VENTURA


Mais um Natal passou;
mais um Ano Novo começou...
Até o Dia dos Santos Reis já passou,
e aqueles enfeites natalinos já foram desmanchados...
O carnaval já se aproxima esfuziante em sua expressão...
E Lúcio Ventura continua a brincar com seu brinquedo:
seu presente sempre mais irradiante 
que ganhou de seu Papai  Noel:
o Papai Noel do Céu...


Já faz algum tempo...
Lúcio Ventura já nem mais acreditava
em Papai Noel na verdade.
Já iam longe os seus Natais de menino,
em que se contentava logo manhã cedo
com o presentinho deixado sobre seus sapatinhos à janela
deixado pelo Papai Noel durante seu sono infantil;
um carrinho, um joguinho; um mimo desses...
Já ia longe aquela época natalina 
em que escreveu aquele bilhetinho cheio de esperança,
alegando vir sendo bonzinho,
esquecido das suas traquinagens de criança,
e que tinha passado de ano,
e que merecia ganhar
o presentão que então lhe pedia,
que era um violão. Aquele brinquedo de fazer música...
Estava tão encantado e desejoso de tal brinquedo
que antes mesmo de resolver escrever a tal carta
já até tentara construir um com as próprias mãos,
com um pedaço de pau e fiozinhos de náilon...
Papai Noel lhe negou o pedido,
e logo depois Lúcio o desmascarou em sua farsa...


Mas de lá pra cá já alguns tantos violões
o Lúcio já possuíra; tantos outros dedilhara,
já iniciado no segredo de desprender deles suas notas.


E Lúcio se houvera tornado um jovem
que sempre na época natalina,
em que se insinua o Papai Noel
lembrava no coração
daquele Natal do seu bilhetinho,
e então pensava que bem que poderia mesmo haver 
um Papai Noel de verdade
e que lhe presenteasse com um violão
que tivesse a magia do Natal,
e dele então se evolasse,
a irradiar-se pelo mundo positivamente
a envolver todo o planeta
tomando-o numa atmosfera de ternura
como ondas de energia transformadora
a reformar a humanidade
numa vontade amável de bondade
gerando compreensão e paz entre as pessoas
porque depois que passa o Natal
as pessoas se tornam aos seus recrudescidos corações
em suas desuniões , seus conflitos, 
suas guerras, suas hostilidades
o espírito do Natal não se preservava
não se conserva o clima de fraternidade entre as pessoas...


E foi um evento inegavelmente natalino
que Lúcio Ventura pensando no seu violão mágico,
de poder extraordinário de despertar os homens para o bem
viveu um profundo e místico sonho,
repleto das mais incríveis nuances e manifestações...
E quando enfim despertou e acorreu ao seu violão
sentiu nele um encantamento sobrenatural,
diferente do que houvera sido até então:
seu violão estava o mais lindo;
entoando as notas primorosamente; 
inspirando mensagens as mais sublimes,
em canções as mais maravilhosas,
irradiantes pelo ar...
E através das músicas dele desprendidas,
o mundo parecia encher-se mais de amor;
parecia infundir nas pessoas o bem;
o ser o melhor de si.
E às pessoas fascinadas; surpreendidas e indagadoras
de como agora conseguia tocar com tal resplandecência,
Lúcio Ventura não hesitava em fazer crer
que aquele era seu violão presenteado pelo seu Papai Noel
O Papai Noel do Céu;
era enfim o seu violão sonhado:com a magia do Natal.
E as pessoas nisso pensavam, refletiam, meditavam seriamente;
propensas então a acreditarem no tal Papai Noel;
o Papai Noel do céu.




E canções de Lúcio Ventura tinham agora tal magia natalina
que nelas até se revelavam transparecida
a feliz presença do menino então nascido
manifestado em seu amor.



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