quarta-feira, 25 de abril de 2012

ASSIM FALOU O ZARATUSTRA


(SOBRE ZARATUSTRA A TRAGEDIA NIETZSCHIANA)


Por: Célio limA.



O prólogo de assim falou Zaratustra começa com um agradecimento ao sol por Zaratustra ter recebido dele a sua luz por todo o tempo vivido em sua companhia. O que podemos interpretar também como uma paródia ao mito da caverna do Platão. Com a diferença de que em Platão o sol não entrara em tal caverna já em Nietzsche o Zaratustra é um personagem reluzente como fora o Zoroastro persa (Zoroastro: “estrela de ouro”). O Zaratustra seria para o Nietzsche (ecce homo) o ser que viu na luta entre o bem e o mal a verdadeira roda que engrena a vida humana reconhecendo por sua vez a moral como o mais fatal dos erros já criados. E também nesse brilho Zaratustra se faz como referencia a Apolo que entre os deuses gregos são seres resplandecentes (deuses solares). Ressaltando que os heróis gregos em seus feitos aparecem como seres brilhantes, por exemplo, cito os homéricos que são seres do reino da luz. Brilham até em missões noturnas. Então a saudação ao sol feita por Zaratustra seria um hino de louvor ao Deus Apolo. Esse Zaratustra apolíneo ou resplandecente seria uma metamorfose como poderemos perceber no dialogo que se da entre ele e o “eremita” essa transformação ou metamorfose no personagem se da percebidamente por este ter passado seus últimos dez anos de uma vida de visão niilista (cinza) para um estado luminoso (fogo). Enfim vida solitária com proximidade ao sol (sabedoria) em outras palavras passagem da cinza para o fogo.
Porém esse Zaratustra radiante se cansa da sua fulgurantividade. Chega a se aborrecer da sua solidão (sabedoria), e como o sol que leva a sua luz/sabedoria para os seres (dando aquilo que se tem em excesso: sua luz). Começa por aí o declínio trágico de Zaratustra que assim como o sol vai Zaratustra declinar, distribuir, descer as profundezas para iluminar. Esse descer as profundezas em outras palavras o lado noturno (o mal) ou o tenebroso lado da vida. Um outro exemplo que poderemos fazer uso é a comparação que o Nietzsche faz do homem com a arvore ver: “da arvore no monte” em que ele diz que assim como a arvore, o homem quanto mais queira se elevar mais deva fincar suas raízes para baixo (trevas, profundezas, mal etc.). Descerá o Zaratustra para iluminar os humanos com a sua sabedoria e resplandecência apolínea. O presente que Zaratustra quer presentear a todos os humanos seria a ideia do “alem-do-homem”.
Ainda sobre esse declínio encontraremos duas metáforas interessantes “a taça que quer transbordar” e “a taça que quer esvaziar”. Sobre a primeira tende a indicar o excesso como sentido positivo (superabundância). Já na segunda encontraremos um sentido negativo, ou seja, um sentido de perda. Enfim essa descida que o personagem tende a se aventurar o “tornar-se novamente homem” apresenta-se como um perigoso enfraquecimento ou em outras palavras um esvaziamento. A solidão dos eremitas ou dos sábios seja algum transbordamento “de conhecimento”, já o convívio com os homens passa a ser um destranbordamento (esvaziamento) de tal erudição. Por ter que ser um compartilhamento em si e de si. Uma observação interessante: refiro-me as “considerações extemporâneas” do Nietzsche em que ele chega a chamar o Wagner de o solitário com cede de muitos, sede de sociedade. Alem de que na quarta consideração: “Richard Wagner em Bayreuth” apropriadamente tempos depois o Nietzsche chega a pedir que troquem o nome de Wagner pelo o de Zaratustra. 
No episodio que se passa na praça do mercado. Zaratustra estar diante dos homens presenteando com o “alem-do-homem”. Esse “alem-do-homem” seria aquele que superara as suas dualidades terreno/extraterreno, sensível/espiritual, corpo/alma. O que supera a ilusão de uma crença em outro mundo e se voltasse para esse seu próprio mundo. Em outras palavras valorizasse a terra, o momento. O “alem-do-homem”: superação, ultrapassagem do homem como fora, passado, crente em Deus, “doença da pele” (ver “de grandes acontecimentos”). Para um novo modo de sentir, pensar, avaliar etc. enfim uma nova forma de vida que o Nietzsche não chega a definir, apenas a convida para a sua criação.
Sobre o “alem-do-homem” ele surge a partir da constatação da “morte de Deus”. Porem diferenciado dos demais ateus o Nietzsche não pretende provar a não existência do divino. A sua pretensão é a de mostrar como surgiu e desapareceu a crença na existência de tal deus. A “morte de Deus” seria um pressuposto para a apresentação por Nietzsche do que seria intitulado por “niilismo moderno”. Que em outras palavras seria a perda do valor moral cristão é o diagnostico da ausência de deus na vida do homem moderno. Isso significa que o culpado e assassino de Deus fora o homem moderno ou o homem do “niilismo reativo” que abandonou o “niilismo negativo” metafísico pelo reativo que vislumbra a ciência e o progresso como algo melhor e crença no futuro. Eis esse homem moderno: “o mais feio dos homens”. O responsável pela desconfiança no Deus cristão e sua moralidade, pelo abandono da metafísica clássica também substituindo a teologia pela ciência, o ponto de vista divino pelo ponto de vista humano, o sono dogmático pelo sonho antropológico. Em outras palavras a morte de deus seria a ruptura produzida por tal modernidade na historia.
Zaratustra como personagem seria um ser historicamente vivendo na modernidade. Ele constata que a “morte de Deus” poderia ser catastrófica para a humanidade. Por ser capaz de trazer uma desvalorização dos valores supremos e já enraizados culturamente falando. Então cabe a Zaratustra se colocar no papel de visionário por ter a consciência dessa possibilidade. Reúne ele seus pensamentos no trabalho de mudar o trem (rumo) da historia. Propondo enfim por ele uma saída positiva, afirmativa: “o alem-do-homem” como o sentido da terra. Um novo mar, novo horizonte, novo sol. Seria uma construção de um novo projeto de vida para o homem.
O “alem-do-homem” como sentido do ser do homem ou como sentido da terra. Seria tal sentido um alvo a ser alcançado tal conceito pregado por seria uma exigência desse Zaratustra visionaria. Seria para ele um rumo ou uma possibilidade que dependeria da vontade dos homens se estes assim quiserem atingir tal alvo. O “alem-do-homem” é apresentado em uma perpesctiva humana. Enfim em “humano demasiado humano” (24) diz Nietzsche: assim como os sábios antigos não acreditaram na ideia de progresso e ele estar de acordo reconhece que os homens deva orientar sua evolução no sentido de uma nova civilização. Criando as novas condições de vida. Porem não descarte a possibilidade de um possível progresso acontecer.
Sobre o episodio ocorrido na praça do mercado. Zaratustra se da conta de não ter conseguido se fazer compreendido pelos homens. Muda ele sua tática ao propor que o “alem-do-homem” ser apenas uma das possibilidades do homem. A atual seria a do “ultimo homem” definidamente por aqueles que não sabem o que seja amor, criação, anseio etc. essas qualidades pontearias do homem para o “alem-do-homem”. Ver ele no “ultimo homem” um ser preste ao esgotamento, desilusão, perdidos, sem esperanças de elevação da humanidade onde a “morte Deus” criaria um vazio acentuado pela espécie do “ultimo homem”. Estes desprovidos de valores, nesse ponto Zaratustra quer ensolarar os seus com esse conçolo possível. Apesar de o Nietzsche não ser um filosofo esperançoso o Zaratustra age com esperança nesse momento. Propondo que o homem possa não ter um Deus e trabalhar na construção do seu futuro. Diferente do “ultimo homem” que é o que preferir um nada de vontade, correndo o risco de sua extinção.
Sobre o palhaço que aparece nessa parte do texto ameaçando de morte o Zaratustra. Reaparecerá em outros momentos sobre outras formas no texto: “espírito negativo”, “demônio do niilismo” ver: “do ler e escrever”, esse diabo, espírito da gravidade ou a causa pela quais todas as coisas caem. Seria o desanimo na humanidade e em que as vezes se é visto tal desanimo no próprio personagem Zaratustra. Sobre o “eterno retorno” seria este a razão de ser do presente.


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