terça-feira, 22 de maio de 2012

a vida do pescador


não têm outro relógio
que as marés
outra companhia
que a da mulher
filho ou parente

"que esta arte
não dá para companheiros"

são os últimos
pescadores da ria
têm todas as idades
começam novos
orgulhosos da primeira bateira
e acabam quando já não

correm o mundo
em busca do pão que a ria
já não dá
encontra-los no bacalhau
no arrasto
em todo o mundo
da islândia à terra do fogo
são senhores do mar

é esta a gente
da laguna
daqui partem
e são mestres
aqui chegam
para serem esburgados
pelos intermediários

-isto não é um poema
é a vida do pescador-

(torreira)



Nenhum comentário:

Postar um comentário