segunda-feira, 27 de maio de 2013

d i a - l o g o s (GUERRILHA SEM TESTEMUNHA)



 - Pernambuco sob os pés descalços 
   Do menino pardo, longe das escolas, 
   Nas casas de barro, entre os jangadeiros; 
   Colorindo a guia dessa etnia.

 - Várias vezes fumei maconha
com as páginas do Libertinagem
       nem por isso encontrei um Recife mais puro.
Manuel Bandeira me faz sentir uma saudade que não sinto.

 – Pernambuco oceano atlântico, 
   101 quilômetros de algum lugar. 
   Entre o asfalto e acostamento 
  Vinho remoendo para não chorar.


- Várias vezes estive parabólica e manguetown
                      e em todo sentimento de revolução
Chico Science me fez acreditar em uma renovação que não vejo.

-Pernambuco onde será que isso começa,
 Quando será que isso termina.
 Madrugada teima em passar depressa
 Já vem o dia que também me azucrina 


 – Várias vezes Poetas pernambucanos vão bêbados à São Paulo
                       Atrás de uma Paulicéia desvairada
Buscando um Torquato glamourizado.
                Um Piva que não vaga mais no ventre dos adolescentes.
Percorrem um êxodo de quilômetros de anos
     para encontrar o vazio da paulistana noite prostituída
                            com os cães latindo seus hospícios.


 – Pernambuco debaixo dos viadutos 
   Mais um barraco tende em se levantar. 
   E os morros mais parecem estar de luto 
   Na aurora nada de novo irá raiar.


 – E enquanto todos esperam um novo poeta, com um novo mar. 
   Acendemos o último cigarro na derradeira chama do sonho único. 
E entramos na estação da Luz para voltar pela luz de outros olhos.

-ISRAEL LIRA(*)
-YUGO TAROO(**)



OBS: DIÁLOGOS DOS  POEMAS: (*) - Pernambuco, (**)  - A Libertinagem e a Pauliceia: revisitadas

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