sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Num tempo que desabrocha


Num tempo que desabrocha

O ontem manchou a face e talvez criasse tal monstro
de um amor nostálgico e sem identidade.
Perdido entre despeitos, intrigas e calafrios
perpetuando-se no forte tempo e num corpo frágil.
- E pensavam que só a morte o dissiparia na eternidade.

No encalço de um pé descalço que anda sobre cacos de vidro
viu a lucidez divina, viu história e desenvoltura.
Criou ampla escultura com o perdão alheio e latão impuro.
Fez-se o mais novo aluno, assíduo e frio, na escola da vida.

Tempos selvagens de trepidações na alma
terremotos que cochicham ao ouvido
sondando a mente e despontando estradas:
- quero estar sozinho, quero leito e um copo de vinho.
- quero o som baixinho e as janelas e portas fechadas.

São altas as montanhas e é incrível
quão o sol, forte é o clarão que habita no cume.
Há um tempo que desafia, e esquenta, e esfria, e desabrocha.
A simples flor torna-se mais que uma flor...
Torna-se nossa – ternura, torna-se lume.

André Anlub®
(11/1/14)

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