sábado, 29 de março de 2014

ÁLBUM DE DAVI

                                                      
-Para Joan, para Davi.


Era muito cedo para aprender toda a lição
o aprendizado da liberdade me levou anos a fio
Levantei cedinho com o sol
Era escuro demais quando os aviões passaram
abaixamos a cabeça
eu e Davi
nos agarramos nas flores e nas estrelas
sonhamos por dias e noites inteiras
com um mundo melhor

Havia uma centena de crianças
violinos, choros, tambores e um barulho forte de vento
Mesmo que tocasse com toda uma orquestra de camaradas revolucionários
não conseguimos impedir que elas formassem juntas um mar de moscas
Não perdemos a hora
Apenas construímos com nossos poemas aonde quer que fosse
a justiça e a grande paz entre os homens

Mesmo aqueles elegantes senhores congolenses com seus estilo europeu no vestir
não conseguiam esconder o roubo de sua nação inteira

Eu continuo a mesma comuna
Eu continuo comum como antes

E sua música continua a mesma jovem terna
indignação
que carregarei como um sonho pela vida inteira

Fico feliz que estejas com voz suficiente
O nosso amor de não apenas quatro letras
Não passou e foi libertado
depois da queda do muro
e quando terminou a guerra
na hora que queimaram as bandeiras
Depois que cairam os ditadores
um a um
sempre soubemos
que a luta não está terminada

Bebemos como loucos
Cálices de Omar Kayan

Embriagados caminhamos
carregando nos braços
por quase 13km
Nossas lembranças de amor
Nós iríamos a Machu Picchu se preciso fosse
Anunciar os fim das fronteiras que separavam
a esperança firme que temos
na comunhão humana.

Nós tocaríamos nossas flautas,
Estávamos dispostos a oferecer toda a mágica de nossas visões
Por uma nova canção
De paz.
De amor.
De revolução.

Aprendemos com a Plebe toda a vã filosofia.
Do cotidiano humilde dos trabalhadores flanelinhas
Isso aqui é para vocês
Isso aqui é para que saibam
Que estarão sempre em nossos corações
Eu queria dizer
Eu queria escrever
Que aqueles foram os anos mais incríveis da minha vida, Davi
E mesmo que esta página pareça preto e branco
E mesmo que minha recordação seja completamente deslocada
Eu soube, eu vi isso, ela nunca cantou tão lindo
Eu estava viva e sentada.

Eu canto porque este folk está livre dentro de mim & se espalha
Eu sonho porque é um exercício de mim mesma em minha alma

Talvez Deus te dê para sempre as cartas que te escrevi enquanto esteve na prisão
Quando te levaram, um centilhão de demônios, para longe de mim
Ainda assim escrevi concentrada
E como trovão tornei isso jovem em nossa mente
Pode ser que tenha que esperar
Por outras vidas lá na frente
Eu continuo comum como sempre
Eu acho comum, de repente,
Se isso voltar.

Mas serei livre algum dia
Não sou envergonhada
Eu sou mestra da soma e do vexame
Nós ficaremos bem, someday
E quando você começa a cantar eu tenho certeza
Eu viverei em em paz, e vou repetir isso o quanto for necessário
Até que das montanhas desçam
Minhas orações descalças

Sim, eu não temo mais coisa alguma
Apenas sinto no cantinho do coração
Que ainda sou a mesma comuna
Que ainda são comuns, minhas antigas crenças
Mesmo que não chegue tão alto no vibrato
Eu vibrarei humildemente e alto
o meu grande amor
com letras

ALINE DE ANDRADE

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