quarta-feira, 10 de agosto de 2016

meditação breve


o aparelhar do saco

crónicas da xávega (179)


meditação breve


como areia por entre as malhas
dos dedos estes dias

tece-se a rede com fios de raiva
cansaço desespero
por vezes

caminha-se e é o mar
sempre o mar
que dá destino aos passos
não os homens

teima-se
teima-se muito
mas o carnaval é o ano inteiro
e não há máscara
que não caia ao anoitecer

acendo um cigarro
que não fumo
abro uma cerveja
que não bebo
e faço de conta que existo
para me rir de mim

(torreira; 2010)

https://ahcravo.com/2016/08/10/cronicas-da-xavega-179/

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