quinta-feira, 11 de agosto de 2016

o meu país arde


como se anoitecesse e era manhã

postais da ria (183)


o meu país arde

o meu país arde
de abandono
e não há lágrimas
que apaguem
erros de anos

o meu país arde
de ter sido um dia
à beira mar plantado
da beira mar arrancados
os filhos mal amados

o meu país arde
o meu país arderá
até nada mais restar
que a memória do verde
e de terem havido árvores
que se tornaram naus e barcos

o meu país arde
como arderam os olhos
dos que partiram

quem se lembrou deles então?

(torreira; 8 de agosto de 2016)

https://ahcravo.com/2016/08/11/postais-da-ria-183/

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